O Distrito Federal adotou o lockdown, seguido da Bahia. Minas Gerais decretou em 60 cidades. Em Uberlândia, havia 184 doentes na fila por um leito em UTI. Essa cidade, assim como Porto Alegre, corre o risco de viver o mesmo colapso que atingiu Manaus em janeiro, dada a curva de aceleração de casos. O governador do Rio Grande do Sul (PSDB), Eduardo Leite, disse que a onda atual de infecção por novo coronavírus no estado é gigantesca e faz as crises de 2020 parecerem marolas. Em entrevista à GloboNews, Leite ainda usou duas vezes a expressão “quadro dramático” para se referir ao que o estado está vivenciando com o aumento de casos de covid-19 e procura por leitos de UTI. De acordo com Eduardo Leite, “uma onda gigantesca” teve início em fevereiro, com uma taxa de contágio cinco vezes maior em relação a duas outras ondas verificadas em 2020 no estado, uma em junho e outra em novembro. CONTINUA APÓS PUBLICIDADE Porto Alegre vive um momento crítico, com ocupação de 102% dos leitos de UTI. Lá, pela primeira vez, o Hospital de referência Moinhos de Vento precisou alugar um caminhão refrigerado para guardar os corpos das vítimas. O governo da Bahia alugou outros 10 para manter os corpos de Salvador. Desde que Santa Catarina atingiu capacidade máxima de internação, em 21 de fevereiro, ocorreram 43 mortes na fila por leitos de UTI. Vários estados endurecem as medidas restritivas, incluindo Maranhão, Pernambuco e Rondônia. “O País inteiro está entrando numa situação de colapso”, diz João Gabbardo, o ex-número dois de Mandetta e atual coordenador-executivo do Centro de Contingência de São Paulo. Pela primeira vez desde o início da pandemia, o Brasil inteiro apresenta piora de indicadores da Covid-19, registra a Fiocruz. “É a ponta do iceberg de um patamar de intensa transmissão”, diz a instituição. Dos 26 estados, 18 estão com mais de 80% dos leitos e UTI destinados à pandemia ocupados. A taxa de transmissão atingiu a marca de 1,13, de acordo com o Imperial College de Londres. É um aumento expressivo em relação à semana anterior, quando estava em 1,02. TRAGÉDIA Foto: Sandro Pereira Funcionários retiram corpo de contêiner refrigerado em João Pessoa, Paraíba. Familiares se despedem de parente no cemitério Nossa Sra. Aparecida, em Manaus (abaixo) Transmissão acima de 1 significa falta de controle do avanço da doença. “Essa espiral enorme de subida, que alguns estados do Sul estão vivendo, ainda não chegou ao Sudeste”, alerta Mandetta. “Há elevação, mas não na espiral, que é a fase mais alta da transmissão”, diz. Isso pode estar na iminência de acontecer nos meses de março e abril, adverte. Opinião semelhante tem o neurocientista Miguel Nicolelis. Segundo ele, o mês de março deverá ser o pior momento. Técnicos do próprio governo estimam que o número diário de mortes pode bater 2 mil. Na quarta-feira, 3, essa cifra chegou a 1.910 e superou os EUA, quando se considera a proporção de habitantes por país e a média móvel (lá, o número de óbitos foi de 1.924). O Brasil está com há mais de 30 dias registrando mais de mil mortes diárias. Nicolelis alerta que a perda de vidas pode chegar a 500 mil. Supera o dobro do que as estimativas mais pessimistas apontam para os mortos causados pelo acidente de Tchernóbil, de 200 mil. Essa é a proporção do desastre brasileiro. Fonte: IstoÉ / GloboNews, Redação “O seu apoio mantém o jornalismo vivo. O jornalismo tem um papel fundamental em nossa sociedade. O papel de informar, de esclarecer, de contar a verdade e trazer luz para o que, muitas vezes, está no escuro. Esse é o trabalho de um jornalista e a missão do Redação Nacional. Precisamos de você e do seu apoio, pois juntos nós podemos, atravé1s de matérias iguais a essa que você acabou de ler, buscar as transformações que tanto queremos.