Promotoria acusa ‘maciça’ participação do setor farmacêutico em fraudes e sonegação R$ 10 Bilhões
SÃO PAULO – A segunda estratégia consiste na criação de empresas de fachada, sem patrimônio e registradas em nome de laranjas, usadas como interpostas para impedir a cobrança de débitos tributários. “A fraude foi construída para que o fisco identifique empresas interpostas que não tem condições de pagar esse tributo”, explicou Gustavo de Magalhães Gaudie Levy, da Secretaria de Fazenda. “Nosso objetivo é justamente vincular essas empresas e toda a cadeia e identificar os reais beneficiários dessa fraude. Só assim a gente vai conseguir recuperar esses valores para o Estado”, completou. Na busca por provas para identificar as empresas participantes do esquema, os investigadores cumpriram 88 mandados de busca e apreensão em todas as regiões do Estado de São Paulo e também em Goiás e Minas Gerais, em endereços comerciais e residenciais de sócios das companhias investigadas. CONTINUA APÓS PUBLICIDADE Na casa de um ex-sócio da rede Bifarma, em Santana do Parnaíba, os agentes encontraram R$ 9 milhões em dinheiro vivo (assista abaixo). A contagem inicial da dinheirama estocada em gavetões batia em RS 8 milhões. À tarde, os investigadores concluíram a conferência e chegaram à nova cifra. Em outro endereço alvo de buscas, ao deparar com a Polícia na porta de sua casa, o investigado jogou no lixo R$ 200 mil em dinheiro vivo. Os policiais localizaram os maços de nota. “Hoje, nós realizamos as buscas contra cinco distribuidoras de grande porte. Uma delas é top 10, Está entre as dez maiores distribuidoras do Brasil. Contra duas redes varejistas que somam mais de 300 lojas e contra uma associação nacional que participa desse esquema”, adiantou Castilho. COM A PALAVRA, O ADVOGADO ÁTILA MACHADO, QUE DEFENDE O GRUPO BIFARMA “O grupo BIFARMA esclarece que jamais praticou qualquer irregularidade, posto que sua atuação sempre se deu dentro da mais absoluta ética, probidade e transparência. Quanto aos valores apreendidos na residência do ex-sócio Marcos Della Coletta, a Bifarma informa que não tem qualquer relação, já que o ex-sócio se afastou da empresa em junho de 2019. A atual gestão do grupo BIFARMA encontra-se à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários.” COM A PALAVRA, A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO E LOGÍSTICA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS “A Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos (Abradilan) vem a público esclarecer e se posicionar à respeito da operação deflagrada que está acontecendo hoje (1o de outubro de 2020) pelo Ministério Público de São Paulo, Polícia Federal e Secretaria da Fazenda, que investiga casos de fraude fiscal e sonegação no setor farmacêutico e cita o nome da entidade no envolvimento de fraudes cometidas por grupos empresariais responsáveis pela distribuição de medicamentos no estado de São Paulo e pelo comércio varejista, a partir de redes de farmácias. A medida contra a Abradilan é um equívoco por parte das autoridades envolvidas. A Abradilan não é uma entidade comercial, mas uma entidade representativa de classe, que tem mais de 140 empresas associadas. A Abradilan não vende, não compra, não estoca produtos, não incentiva qualquer prática não tendo qualquer envolvimento nas ações comerciais de seus membros. A Abradilan ressalta que apoia toda e qualquer medida que contribua para a transparência no mercado farmacêutico, mas não pode deixar de manifestar surpresa e estranheza com o seu nome no mencionado neste processo.” Fonte: Redação, Ministério Público São São Paulo “O seu apoio mantém o jornalismo vivo. O jornalismo tem um papel fundamental em nossa sociedade. O papel de informar, de esclarecer, de contar a verdade e trazer luz para o que, muitas vezes, está no escuro. Esse é o trabalho de um jornalista e a missão do Redação Nacional. Mas para isso, nós precisamos de você e do seu apoio, pois juntos nós podemos, através de matérias iguais a essa que você acabou de ler, buscar as transformações que tanto queremos.