Pesadelo: Bolsonaro sonhou com golpe e acordou com Arthur Lira

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Brasília: O Ato Institucional Número Cinco (AI-5) foi o quinto e mais severo dos dezessete atos do regime militar inaugurado pelo golpe de estado de 1964. Decretado por Costa e Silva em 13 de dezembro de 1968, significou a cassação dos mandatos parlamentares e a suspensão de todas as garantias constitucionais até então vigentes. Jair Bolsonaro, a partir do início da pandemia do novo coronavírus no Brasil, precisamente a partir de março de 2019, encarnou os mais virulentos generais (e torturadores) do passado e decidiu ser a hora de um novo AI-5 no País. Ele, os filhos, os aloprados mais próximos e uma malta fascista passaram a pregar abertamente o fechamento do Congresso Nacional. CONTINUA APÓS PUBLICIDADE O choque de realidade chegou sob a forma de três fatos: 1) Forte reação do STF, como a prisão das Saras Winter da vida; 2) Declarações públicas e recados privados de importantes oficiais contrários à aventura tresloucada; 3) O mais importante deles: a prisão do amigo de décadas, o operador das rachadinhas, o faz tudo da família Bolsonaro, Fabrício Queiroz. Acuado, ao maridão da receptora de cheques de milicianos só restou enfiar o rabinho entre as pernas e calar a boca profana por dias. Porém, passado o susto – e o medo de cadeia! – e com os devidos conchavos jurídicos ajambrados, pouco a pouco o maníaco do tratamento precoce foi colocando as asinhas de fora e voltou a praticar arruaças públicas. Contudo, desde então, o devoto da cloroquina desistiu de atentar contra a democracia e o Estado de Direito, até que, ligando o “foda-se” para os fanáticos seguidores (já que fanáticos mesmo), rasgou de vez a fantasia de probo e se atirou, de boca e tudo, no colo dos barões do Centrão. Quem não tem canhão, caça com gato. Neste caso, com gatunos. Arthur Lira (PP) foi eleito presidente da Câmara dos Deputados, com o apoio bilionário de Jair Bolsonaro. Para quem não sabe, Lira é condenado em duas instâncias e responde a dois processos no STF. Porém o cacique do Centrão significa para o pai do senador das rachadinhas a devida proteção contra pedidos de impeachment. Bolsonaro casou com Arthur Lira e seu bando, mas terá que levar a família para os finais de semana no sítio. O mito de araque foi dormir sonhando com o golpe – em ser o novo João Figueiredo -, mas o que conseguiu foi acordar ao lado da noiva feia; o Centrão. Uma esposa cara e infiel que não hesitará em trocar de marido por alguns poucos tostões do vizinho. Fonte: IstoÉ Ricardo Kertzman é blogueiro, colunista e contestador por natureza. Reza a lenda que, ao nascer, antes mesmo de chorar, reclamou do hospital, brigou com o obstetra e discutiu com a mãe. Seu temperamento impulsivo só não é maior que seu imenso bom coração. “O seu apoio mantém o jornalismo vivo. O jornalismo tem um papel fundamental em nossa sociedade. O papel de informar, de esclarecer, de contar a verdade e trazer luz para o que, muitas vezes, está no escuro. Esse é o trabalho de um jornalista e a missão do Redação Nacional. Precisamos de você e do seu apoio, pois juntos nós podemos, atravé1s de matérias iguais a essa que você acabou de ler, buscar as transformações que tanto queremos.