O Ódio nas redes

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As redes sociais já ostentam há alguns anos a má reputação de espaços de propagação de ódio. É tentador, diante desse quadro, direcionar às ferramentas, sempre vendidas como lugar de conexão e encurtadoras de distâncias, toda culpa pelo problema. Mas elas, as redes, apenas deixaram vir à luz o sintoma de tempos reativos a pequenos avanços sociais. É um desafio para a humanidade encontrar caminhos em que o diálogo, o debate de ideias, seja fortalecido na educação, desde a mais tenra idade. Não se pode ignorar que deixar longe dos desafios do Estado o fomento ao diálogo e o confronto de ideias diante de divergências tem sido vetor de recrudescimento, Experiências ao redor do mundo tentam conter o ódio com leis. Enquanto inexiste o remédio necessário aos ataques sofridos por indivíduos e grupos, nada nos faz crer que a lei e a proibição deem conta, muito menos sozinhas do combate ao ódio online. A Assembleia Nacional da França aprovou projeto de lei para punir o internauta rancoroso. O esforço do berço da democracia moderna, no entanto, esbarra na arquitetura plenamente horizontal da web. A internet trouxe o efeito da retórica rasa das redes sociais, aparentemente aproximando pessoas de todo o mundo por meio da variedade de plataformas, suportes e aplicativos. A inovação incessante é o resultado desta construção coletiva. Por estarmos vivendo o momento atual desta experiência, não se pode ainda entender todo alcance da Revolução Virtual nascida do projeto militar arpanet e acolhido pela comunidade científica. Á velocidade no acesso de dados, ao armazenamento de informações em biblioteca planetária e á instabilidade, acresce uma conexão incessante. Mas a acelerada inclusão digital não acompanha a capacidade de educar os usuários. Portanto, quanto menos educação, e mais celulares, nenhuma lei será capaz de deter tanto rancor, mentiras e calúnias disseminadas. Só a educação salvará o mundo de sua destruição pelo controle do ódio. Redação Naciona / *Com informações A Tarde – Editorial