Com a nova explosão de casos de covid no Amazonas, o estoque de oxigênio acabou em vários hospitais de Manaus nesta quinta-feira, 14, levando pacientes internados à morte por asfixia, segundo relatos de médicos que trabalham na capital amazonense. O Hospital Universitário Getúlio Vargas, ligado à Universidade Federal do Amazonas (UFAM), ficou cerca de quatro horas sem o insumo na manhã desta quinta, o que gerou desespero entre os profissionais, segundo relatou ao jornal O Estado de S. Paulo uma médica da unidade, que não quis de identificar. O número de sepultamentos em Manaus quintuplicou em um mês, segundo dados divulgados pela prefeitura. Na quarta-feira, 198 enterros ocorreram na capital, dos quais 87 tinham confirmação para covid-19 e sete eram de casos suspeitos. Em 13 de dezembro foram 36 óbitos, seis com resultado positivo para o vírus. Isto representa um aumento de 450%. CONTINUA APÓS PUBLICIDADE PAZUELLO ESTEVE EM MANAUS O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, deixou Manaus na quarta-feira em meio à crise pela covid-19. Na cidade que vive novo colapso, o general apresentou como solução o tratamento precoce, que, no vocabulário do governo federal, significa o uso de medicamentos sem eficácia comprovada, como a cloroquina e a ivermectina. “A medicação pode e deve começar antes desses exames complementares (de diagnóstico). Caso o exame lá na frente der negativo, reduz a medicação e tá ótimo. Não vai matar ninguém”, disse Pazuello em discurso feito na segunda-feira, 11. O ministro ainda lançou o TrateCOV, aplicativo usado por médicos para diagnosticar a covid-19 que também estimula o uso destes fármacos não indicados para a covid-19. Mais de 340 profissionais de saúde de Manaus foram habilitados para usar o aplicativo. Na mesma data, uma equipe de secretários de Pazuello, reforçada por médicos entusiastas do tratamento precoce que viajaram ao Estado, fez visitas a unidades de saúde da capital. Além de escutar sobre a crise na cidade, o grupo deu orientações sobre a suposta evidência de benefícios do “tratamento precoce”, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo. Dias antes do périplo pelas unidades de saúde em Manaus, a secretária nacional Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, avisou ao município que as visitas serviriam para estimular adoção do “tratamento precoce”. Em ofício enviado à Secretaria de Saúde local, Pinheiro ainda escreveu que seria “inadmissível” Manaus não prescrever antivirais sem eficácia comprovada. Sem citar qualquer prova, o presidente Jair Bolsonaro disse que a crise de saúde em Manaus deve-se à falta do “tratamento precoce”. Bolsonaro desestimula a adoção de medidas eficazes contra a pandemia, como uso de máscara e distanciamento social. “Não faziam tratamento precoce. Aumentou assustadoramente o número de mortes. Mortes por asfixia, porque não tinha oxigênio. O governo estadual e municipal deixou acabar oxigênio”, disse o presidente a apoiadores na terça-feira. Grupos no Amazonas chegaram a protestar e pressionar o governo a recuar do fechamento do comércio, no fim de dezembro. “Muita gente acabou relaxando, pensando que estava tudo ‘ok’. Mas o clima agora é diferente. Não há clima para novas manifestações”, disse o governador Wilson Lima ao jornal O Estado de S. Paulo na última semana. Fonte: Redação, IstoÉ “O seu apoio mantém o jornalismo vivo. O jornalismo tem um papel fundamental em nossa sociedade. O papel de informar, de esclarecer, de contar a verdade e trazer luz para o que, muitas vezes, está no escuro. Esse é o trabalho de um jornalista e a missão do Redação Nacional. Mas para isso, nós precisamos de você e do seu apoio, pois juntos nós podemos, através de matérias iguais a essa que você acabou de ler, buscar as transformações que tanto queremos.”