Primeiro governador a adotar o isolamento horizontal, que fechou cinemas, shoppings, comércio e academias entre outras atividades, Ibaneis Rocha (MDB) tem pela frente uma missão de vida: impedir o colapso do sistema de saúde do Distrito Federal na maior pandemia do século. O novo coronavírus já infectou 1 milhão de pessoas no planeta, arrasou a Lombardia — região mais desenvolvida da Itália — e a Espanha e agora atingiu o país mais rico e poderoso do mundo, os Estados Unidos. Não é uma guerra qualquer. Ibaneis é o comandante de um exército em que os soldados são a própria população civil. Mesmo com recursos, compra de respiradores, testes e equipamentos de proteção para médicos e enfermeiros, além de montagem de hospitais de campanha, nada será suficiente se as pessoas saírem de casa disseminando o contágio. E, para complicar ainda mais, o governador conta com um adversário poderoso: o presidente Jair Bolsonaro, que subestima o novo coronavírus, trata a Covid-19 como uma “gripezinha” e critica a principal arma dos governadores: o distanciamento social. Veja parte da entrevista concedida ao Correio Brasiliense, à Repórter Ana Maria Campos: O senhor tomou decisões importantes de isolamento social. Hoje, 20 dias depois, acha que a situação estaria muito mais grave se isso não tivesse acontecido? Não tenho nenhuma dúvida de que a situação no Distrito Federal tinha tudo para causar uma das maiores explosões de contaminação do Brasil, exatamente pelas condições sociais que temos na nossa cidade. Brasília é uma cidade que tem uma renda per capita muito alta na região do Plano Piloto. Temos todos os órgãos e todos os poderes aqui instalados. Temos o Congresso Nacional, todos os ministérios, o presidente da República, 180 organismos internacionais, gente voltando de todos os lugares do mundo após o carnaval. Então, era previsível que tivéssemos um grande índice de infecção. Além disso, se a cidade estivesse funcionando normalmente, teríamos aqui quase todos os prefeitos, deputados federais, senadores, todos eles indo e voltando para seus estados. Além de ser um problema muito grande para nós aqui do DF, estaríamos distribuindo isso para todo o Brasil, o que realmente seria um grande problema. Dá para estimar o número de casos que o DF teria em uma situação em que o senhor não tivesse tomado providências imediatas? Tenho certeza de que teríamos passado de 5 mil casos. Tenho essa convicção. Diante da circulação e daquele primeiro avanço que tivemos das infecções, se não tivessem sido tomadas as decisões, teríamos pelo menos 5 mil casos de infectados. Isso implicaria termos hoje pelo menos 100 a 120 vagas de internação. Hoje, estamos com pouco mais de 30 pessoas internadas, entre rede pública e privada. Tenho convicção de que teríamos uma situação muito grave no DF. Por isso, as pessoas têm de ajudar e não sair de casa, mantendo o isolamento social… Se não ajudar, não tem jeito. Se for todo mundo para a rua, se começar essa cobrança por abrir comércio, abrir restaurante, abrir isso, abrir salão, abrir tudo… Na Itália, um dos maiores índices de contaminação foi exatamente nos salões de beleza. E temos de tomar cuidado com isso. Porque não é só o problema do “entrou, saiu”. Mas, se um paciente infectar um cabeleireiro, por exemplo, esse cabeleireiro vai passar para milhares de pessoas. Temos de ter atenção. Na hora certa, com a segurança que vamos ter, vamos abrindo cada uma das atividades que penalizem menos a população. Foto: Marcelo Ferreira /CB/ D.A Press “O jornalismo tem o papel de informar, de esclarecer, de contar a verdade e trazer luz para o que, muitas vezes, está no escuro. Esse é o trabalho de um jornalista e a missão do Redação Nacional. Mas para isso, nós precisamos de você e do seu apoio, pois juntos nós podemos, através de matérias iguais a essa que você acabou de ler, buscar as transformações que tanto queremos.” Copyright © 2019, Redação Nacional. Todos os direitos reservados.

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