delegado da PF acusa: Lava Jato tentou destruir provas em inquérito

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O delegado da Polícia Federal (PF) Mário Renato Castanheira Fanton, acusado de violar sigilo funcional e vazar informações confidenciais, apresentou, por meio de sua defesa, documentos à Justiça que apontam tentativa de destruição de provas da Lava Jato por agentes que trabalham na ação. A defesa mostra capturas de tela de uma conversa por Whatsapp entre Mário Fanton e outro delegado, Maurício Moscardi Grillo, em 2015 . As informações foram divulgadas na manhã desta 2ª feira (30.set.2019) pelo jornal Folha de S.Paulo. Moscardi teria pedido a Fanton para que 1 depoimento da doleira Nelma Kodama não fosse anexado a 1 inquérito que apura se policiais transgrediram normas da operação. Além disso, ele teria instruído que esse depoimento fosse reparado com “pitacos” de Fanton. Advogados de Mário Fanton protocolaram a manifestação na 14ª Vara Federal de Curitiba em setembro deste ano. Até a publicação deste texto, o Poder 360 não conseguiu contato com o advogado José Augusto Marcondes de Moura Jr, representante da defesa de Fanton. Detalhes Na época em que as conversas teriam ocorrido, Mário Fanton estava à frente de 1 inquérito que investigava se havia 1 acordo entre delegados da PF do Paraná e advogados para produzir 1 dossiê contrário à Lava Jato. Segundo ele, houve 1 desentendimento com os integrantes da operação após ele receber o pedido para a destruição das provas e também por ter descoberto que foram instalados grampos ilegais na sede da PF em Curitiba. Contexto A manifestação do delegado ocorre após a acusação da força-tarefa da operação de desvio de função por vazamento de dados. Segundo a Folha de S. Paulo, a denúncia está sob sigilo e ainda não foi analisada pela Justiça. De acordo com a defesa, Fanton não cometeu desvio funcional e tentou alertar ao procurador Januário Paludo, da força-tarefa do MPF, sobre suspeitas de irregularidades que teriam sido cometidas pelos delegados da Lava Jato. No mês passado, por causa desse documento e de outros emails, a força-tarefa da Lava Jato denunciou Fanton e outros integrantes da PF alegando que eles soltaram para terceiros informações que estavam sob sigilo. Conteúdo Nas mensagens, Moscardi diz para Fanton não juntar o depoimento que tomou da doleira Nelma Kodama porque teria desagradado ao delegado Igor Romário de Paula (atual diretor de operações especiais da PF em Brasília) e prejudicaria o avanço da investigação. “Ideia era fazermos outro termo (de depoimento) já comigo junto”, diz mensagem atribuída a Moscardi. “Ele (Igor) falou que iria prejudicar o avanço e eu também acho. Daí tive a ideia de fazermos outro comigo junto para confrontá-la (Nelma).” No depoimento em questão, Nelma identifica a foto de 1 agente que fazia parte do núcleo de inteligência, à época comandado pela mulher de Igor. O agente negava participação no conluio. Diante das negativas de Fanton para substituir o depoimento, Moscardi diz: “O problema [de manter o depoimento com suposto erro] é que a Nelma se tornará uma testemunha falsa.” “[Eles queriam] que o termo de depoimento que integrava o reconhecimento fotográfico fosse destruído e outro do interesse pessoal de mencionados delegados fosse feito”, diz a defesa de Fanton. “Vale ressaltar que nunca foi praxe na Polícia Federal a destruição de diligências que não ficassem de acordo com a vontade pessoal de servidores, pois em casos como estes o correto é refazer a diligência mantendo-se a anterior e apontar as incongruências em confrontação com a posterior”, acrescenta. “Talvez no MPF de Curitiba tal praxe seja permitida, porque ignoraram a irregularidade e a utilizaram de forma contrária para denunciar o presidente da investigação que discordou.” ” O jornalismo tem o papel de informar, de esclarecer, de contar a verdade e trazer luz para o que, muitas vezes, está no escuro. Esse é o trabalho de um jornalista e a missão do Redação Nacional. Mas para isso, nós precisamos de você e do seu apoio, pois juntos nós podemos, através de matérias iguais a essa que você acabou de ler, buscar as transformações que tanto queremos.” Copyright © 2019, Redação Nacional. Todos os direitos reservados.