Pelé se tornou um recordista em de conquistas no Santos e seleção brasileira
Em 21 anos de carreira, de 1956 a 1977, Pelé conquistou uma enormidade de títulos, pulverizou recordes, aniquilou adversários e marcou um caminhão de gol. O Rei do Futebol desfilava em campo com genialidade e competência e se acostumou a enfileirar taças e troféus com as camisas do Santos, da seleção brasileira e também do Cosmos, de Nova York, onde atuou no fim de sua carreira. Foram anos incríveis do futebol brasileiro.
Arquivo Santos FC
Não há jogador que tenha atuado ao seu lado que não lhe presta reverência. Todos eles, e foram muitos, dizem em uníssono que Pelé foi o maior de todos. Mesmo quem nunca esteve com ele em campo, sempre o reconheceu como o melhor de todos. Suas conquistas e feitos assombraram o mundo do futebol por duas décadas. Quem viu Pelé jogar, não se engana: ele foi o melhor de todos.
Aos 17 anos, Pelé só entrou no terceiro jogo da seleção brasileira na Copa do Mundo da Suécia, em 1958. Era um garoto em meio a jogadores consagrados. Substituiu Mazzola e formou irresistível dupla de ataque com Vavá. Vitória por 2 a 0 diante da União Soviética, então campeã olímpica, que exalava autoconfiança antes do apito inicial.
Mas foi no seu segundo jogo, já pelas quartas de final, contra o País de Gales, que o mundo conheceu Pelé de verdade. Ele marcou um gol fantástico. Sua habilidade superou a retranca armada pelos galeses, que só deram três ataques nos 90 minutos da disputa, contra 67 tentativas do Brasil. Muitas de suas jogadas geniais estão registradas nos filmes que ele fez sobre sua carreira.
Na semifinal daquela Copa da Suécia, a sua primeira, o garoto franzino que iria eternizar a camisa 10 fez três gols contra os franceses em um período de apenas 22 minutos. Um de cada jeito. Um mais bonito do que o outro. E ele nem tinha idade para ver os filmes de Brigitte Bardot, então um mito do cinema mundial.
Outros dois gols foram assinalados na decisão diante dos anfitriões. Foram duas vitórias por 5 a 2 que garantiram a primeira taça para a seleção brasileira. A cena do choro de Pelé nos braços do goleiro Gylmar é inesquecível. Ele era um menino abraçado pelos mais velhos. O mundo já olhava para Pelé de forma diferente. Seus companheiros não tinham mais dúvidas de que estavam vendo nascer o melhor jogador que o mundo teria no futebol.
No Chile, em 1962, quatro anos mais velho, Pelé se preparou para liderar a seleção ao lado de Garrincha, outra lenda que o Brasil tinha em suas fileiras. Aos 21 anos, prestes a marcar o 500.º gol na carreira, Pelé fez um logo na estreia, na vitória por 2 a 0 sobre o México. Saiu de campo empolgado, mas uma lesão muscular na coxa – uma das poucas lesões sofridas na carreira -, frente à Checoslováquia, aos 28 minutos de partida, o tirou do restante do torneio.
O lance de sua contusão foi registrado na imprensa. Pelé recebeu passe de Didi, avançou até a área rival e chutou forte, mas sem direção. O craque levou rapidamente a mão à perna esquerda, revelando uma fisgada que doeu em toda a torcida brasileira. Não daria mais para ele. Pelé trocou os gramados chilenos pelas arquibancadas para ver o show de Garrincha e Amarildo, que o substituiu. O Brasil passou então por Espanha, Inglaterra, Chile e Checoslováquia para ganhar o bi. Não foi a Copa de Pelé, mas foi a Copa de Garrincha. Ele e Pelé nunca perderam jogos juntos pela seleção.
INGLATERRA 1966
Depois do fracasso na Inglaterra, em 1966, quando o Brasil caiu na primeira fase, em sua pior participação em Copas, Pelé chegou ao México, em 1970, sob suspeita e debaixo do olhar desconfiado do torcedor. Afinal de contas, pela primeira vez ficara no banco de reservas – contra o Chile, no Morumbi -, e foi substituído diante da Argentina, em Porto Alegre. Era um Pelé que se rendia às pancadas.
Mas com um preparo físico invejável e esbanjando técnica, Pelé fez quatro gols e deixou lembranças maravilhosas naquela competição como o chute do meio-campo contra a Checoslováquia, a cabeçada defendida pelo inglês Gordon Banks, o drible sensacional no goleiro uruguaio Mazurkiewicz e o passe milimétrico para o gol de Carlos Alberto Torres, o quarto do Brasil na vitória por 4 a 1 sobre a Itália na grande final da Copa. Justiça feita ao maior jogador de todos os tempos. Pelé daria ao Brasil seu terceiro título mundial.
Pelé em 80 fotos do Estadão
1000 GOLS
Na noite de 19 de novembro de 1969, Pelé cobrou um pênalti contra o Vasco, no Maracanã, e se tornou o primeiro jogador de que se tem notícia a marcar mil gols como profissional. A façanha do Rei e melhor atletas do século 20 ganhou manchetes em todos os cantos do planeta e serviu para dar mais força ao mito Pelé.
Depois do milésimo, ele marcou mais 281 gols, mas nenhum deles teve o impacto daquela cobrança de pênalti que quase foi defendida pelo goleiro argentino Andrada – ao socar o gramado do Maracanã de tanta raiva, ele deixou claro que não queria ter entrado para a história do futebol mundial daquela maneira: o goleiro do milésimo gol de Pelé.
Foram tantos os jornalistas e curiosos que invadiram o campo depois do gol histórico que o jogo teve de ser interrompido. Carregado em triunfo no Maracanã, Pelé fez um emotivo discurso em favor das crianças pobres e foi muito criticado por isso na época – mesmo assim, passou o resto de sua vida dizendo que mantinha palavra por palavra do apelo que havia feito no calor de um de seus mais gloriosos momentos como jogador de futebol.
Ele disse: “Pelo amor de Deus, olha o Natal das crianças, olha Natal das pessoas pobres, dos velhinhos cegos. Tem tantas instituições de caridade por aí. Pelo amor de Deus, vamos pensar nessas pessoas. Não vamos pensar só em festa. Ouça o que eu estou falando. É um apelo, pelo amor de Deus. Muito obrigado”.
Relembre a carreira de Pelé
SANTOS NO TOPO DO PLANETA
O auge do Santos ocorreu nos anos de 1962 e 1963, quando o time conquistou duas vezes a Libertadores e duas vezes Mundial de Clubes. O primeiro título continental foi ganho em conturbada decisão contra o Peñarol. Ela deu ao Santos o direito de enfrentar o Benfica, campeão europeu. No primeiro jogo, disputado no Maracanã, vitória santista por 3 a 2. No segundo, em Lisboa, um espetáculo inesquecível. Com três gols de Pelé, que apresentou um dos melhores desempenhos individuais de sua vida, o Santos goleou os portugueses por 5 a 2 e se tornou o legítimo monarca do futebol mundial.
No ano seguinte, em 1963, a repetição dos dois títulos. Na final da Libertadores, contra o Boca Juniors, Pelé conseguiu o que parecia impossível: calar o mítico Estádio La Bombonera, em Buenos Aires. Incrédulos, os argentinos viram o Santos vencer o duelo de volta por 2 a 1, com um gol do Rei. No Mundial, Pelé participou apenas da primeira das três partidas contra o Milan, já que foi tirado de cena por uma lesão muscular.
ATLETA DO SÉCULO
Foi um dos títulos mais importantes de sua carreira depois de ter deixado os gramados. Em julho de 1980, o jornal francês L’Equipe publicou o resultado de uma eleição feita para apontar aquele que seria o melhor atleta do século 20. Pelé foi o vencedor.
Pelé só recebeu o troféu em maio do ano seguinte, em 81, no gramado do Estádio Parque dos Príncipes, em Paris, onde naquele dia as seleções de Brasil e França se enfrentaram em um amistoso. De terno e gravata, o Atleta do Século deu uma volta olímpica no estádio parisiense aplaudido de pé pela apaixonada torcida francesa.
A vitória de Pelé na eleição promovida pelo jornal francês foi apertada. Ele teve 178 pontos, apenas nove votos a mais do que o americano Jesse Owens, mito do atletismo, que ganhou quatro medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Berlim, na Alemanha, em 1936, com a presença de Adolfo Hitler. O terceiro colocado, com 99 pontos, foi o ciclista belga Eddy Merchx.
FIFA SE DOBRA A PELÉ
Em 2000, a Fifa decidiu eleger o melhor jogador de futebol do século 20 com base em votos coletados na internet e ainda analisando a opinião de especialistas do mundo inteiro. Graças a uma intensa campanha de divulgação feita na Argentina, Diego Armando Maradona, craque e ídolo do país vizinho, campeão do mundo com sua seleção no Mundial disputado no México, em 1986, que morreu aos 60 anos no fim de 2020, venceu a votação popular na internet. Os especialistas, no entanto, escolheram Pelé com muita diferença para os demais candidatos que disputavam o pleito, inclusive Maradona.
Inicialmente, a Fifa decidiu dividir o prêmio, mas mudou de ideia e considerou o brasileiro o vencedor – Maradona ganhou um outro troféu, de menor importância. Irritado com a situação, Diego deixou a cerimônia de entrega da premiação, em Roma, antes do seu fim.
TÍTULOS BRASILEIROS
Em dezembro de 2010, a CBF oficializou os títulos da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa como conquistas nacionais, igualando-os ao Brasileirão. Com isso, Pelé passou a ter seis conquistas nacionais pelo Santos. O Rei foi campeão da Taça Brasil em 1961, 1962, 1963, 1964 e 1965 e do Roberto Gomes Pedrosa, o Robertão, em 1968.
SOBERANO DO PAULISTÃO
O Campeonato Paulista foi o torneio em que Pelé exibiu com mais frequência a sua genialidade, sempre elevando o nome do Santos. Seu desempenho na competição estadual – que em sua época era muito mais valorizado do que hoje – foi avassalador. Ele conquistou a taça regional nada menos do que dez vezes e terminou como artilheiro em 11 edições da disputa, sendo nove delas consecutivas – entre 1957 e 1965.
O Paulista de 1958, primeiro título conquistado por Pelé, teve uma atuação demolidora do Rei do Futebol. Ele terminou a competição com 58 gols, recorde que nenhum outro jogador sequer chegou perto de igualar até os dias atuais.
Fonte: Agência Estado
“O seu apoio mantém o jornalismo vivo. O jornalismo tem um papel fundamental em nossa sociedade. O papel de informar, de esclarecer, de contar a verdade e trazer luz para o que, muitas vezes, está no escuro.
Esse é o trabalho de um jornalista e a missão do Redação Nacional.
Precisamos de você e do seu apoio, pois juntos nós podemos, através de matérias iguais a essa que você acabou de ler, buscar as transformações que tanto queremos.”