O Brasil merece: Lula é honestíssimo, Bolsonaro é honesto e Moro, nem tanto

1302

A última pesquisa Quaest/Genial revelou um dado, digamos, curioso, triste e que explica muita coisa no Brasil do século XXI: 28% dos brasileiros acreditam que o ex-presidiário e chefe de quadrilha (segundo o MPF), Lula da Silva, é o melhor dos atuais pré-candidatos para combater a corrupção no País.

Sim, eu sei, parece piada. E para quem não acredita em pesquisas, é um prato mais do que cheio. Porém, infelizmente, é a mais pura verdade e o retrato fiel do nosso eleitorado. Não é à toa – conforme reza o dito popular: ‘cada povo tem o governo que merece’ – que nosso Congresso é o que é.

Em segundo lugar na preferência da voz de Deus – Vox Populi, Vox Dei – surge o ‘mito’ Jair Bolsonaro, patriarca do clã das rachadinhas e das mansões milionárias, amigo de décadas do miliciano Queiroz, o operador do senador dos panetones, e que depositou 90 mil reais na conta da primeira-dama.

Entendem por que Renan Calheiros ainda é senador e dá as cartas no Senado? Ou por que Arthur Lira é o presidente da Câmara dos Deputados? Ou por que Ciro Nogueira – líder do bando conhecido como Centrão – é o Ministro-Chefe da Casa Civil do presidente do ‘acabou a mamata, porra!’?

Somente em terceiro lugar na pesquisa é que aparece o ex-juiz federal Sergio Moro, protagonista da falecida Operação Lava Jato, morta por Jair Bolsonaro e enterrada por Augusto Aras – o PGR nomeado pelo devoto da cloroquina -, com meros 14%. Como? Por quê? Bem, aí é com o tal ‘povo’.

TUDO COMO DANTES

Sinceramente, apesar de muito triste e doloroso, o fato não me surpreende em nada. Afinal, 1/3 do atual Congresso responde a crimes na Justiça brasileira. Aécio Neves foi eleito deputado federal, caramba! E Lula, o meliante de São Bernardo, é favorito para vencer em 2022… no primeiro turno!!

Perambulando pelas redes sociais, encontramos milhões de eleitores devotos, defendendo Flávio e Carlos Bolsonaro e suas evidentes rachadinhas. Bem como, defendendo o maníaco do tratamento precoce no caso do superfaturamento de 1.000% (‘nenhuma dose foi comprada’). Então, tá, né? Fazer o quê?

Quantos não enchem o peito e dizem que ‘Lula foi inocentado pelo STF’, mesmo sabendo que isso é mentira? E quantos não irão votar nos Barbalhos, Calheiros, Sarneys, Garotinhos e afins? Collor e Jefferson, hoje, são ídolos! E o Queiroz foi saudado como herói pelos bolsonaristas no Rio de Janeiro.

O Brasil é um caso perdido porque os brasileiros, em sua ampla maioria, são um caso perdido. É uma gente, via de regra, infelizmente, tosca, completamente ignorante, despolitizada, desinteressada, intelectualmente preguiçosa e, sim!, leniente com crimes e criminosos, e cúmplice de políticos bandidos.

Claro. Eu conheço as razões de tudo isso: falta de escolaridade, pobreza extrema, etc. Compreendo muito bem a situação de quem trabalha, de sol a sol, e mal consegue sobreviver. O que escrevo acima não é uma condenação ou crítica, mas a nua e crua constatação dos fatos e da realidade nacional.

TERCEIRA VIA, COMO?

Particularmente, apesar de rezar todos os dias e desejar profundamente que apareça um nome capaz de enfrentar a dupla da morte, Lula e Bolsonaro, em 2022, não nutro grandes pretensões a respeito. E ainda que a esperança seja a última a morrer, confesso que essa pesquisa me baqueou.

Se Lula foi e ainda é o ‘pai dos pobres’, para quase 1/3 do eleitorado; e se Bolsonaro é o mito e melhor presidente que o País já teve, para quase 1/4 do eleitorado, o que diabo poderia ser o ‘salvador da pátria’ da 3a via, senão o antagonista de ambos, no campo da moralidade e probidade pública?

Ato contínuo, se mais da metade dos eleitores ‘nem te ligo farinha de trigo’ para mensalão, petrolão, rachadinhas, mansões, 1000%, etc., e idolatram cegamente seus pastores, por que os trocariam por alguém que não tem nada mais a oferecer? Ora, essa gente está satisfeita com o que tem e pronto!

Inflação, corrupção, desemprego, doença, pandemia, morte, atraso, miséria, fome… nada disso é culpa nem de Lula nem de Bolsonaro. Aliás, será culpa de quem ousar combatê-los, isso, sim. Amoêdo é banqueiro; Mandetta é traidor; Moro é falso; Doria é calça apertada; Leite é gay e por aí vai.

Nenhum desses nomes acima é envolvido com corrupção. Todos são capazes e competentes em suas funções, cargos e profissões. Teriam tudo para ser – e até seriam – muito melhores que os ‘bostas’ Lula e Bolsonaro. Mas não são mitos, não são os pais dos pobres. Assim, jamais serão o Presidente do Brasil.

Ricardo Kertzman é blogueiro, colunista e contestador por natureza. Reza a lenda que, ao nascer, antes mesmo de chorar, reclamou do hospital, brigou com o obstetra e discutiu com a mãe. Seu temperamento impulsivo só não é maior que seu imenso bom coração.

Nota do Redação: As opiniões, expressas neste editorial são de total responsabilidade do autor. Não representa, necessariamente, alinhamento, de conteúdo editorial por parte do Redação Nacional.

“O seu apoio mantém o jornalismo vivo. O jornalismo tem um papel fundamental em nossa sociedade. O papel de informar, de esclarecer, de contar a verdade e trazer luz para o que, muitas vezes, está no escuro.

Compromisso com a Verdade, esse é o trabalho de um jornalista e a missão do Redação Nacional.

Precisamos de você e do seu apoio, pois juntos nós podemos, através de matérias iguais a essa que você acabou de ler, buscar as transformações que tanto queremos.”