Na reta final do, “Golpe” o ex-deputado Roberto Jefferson queima a largada do golpe

Tudo isso fazia parte do roteiro do golpe tupiniquim, uma versão local da “invasão do Capitólio”. No caso americano, a sublevação ocorreu em 6 de janeiro do ano passado quando os apoiadores insuflados por Donald Trump invadiram armados o Congresso, em Washington, para impedir a oficialização dos resultados em favor de Joe Biden. Dez morreram.

REUTERS/Adriano Machado

Aqui, a estratégia era armar a população e criar milícias de apoio ao capitão. Com o relaxamento das leis, um milhão de armas foram distribuídos a pretensos grupos de “colecionadores e caçadores”. O número de “CACs” inscritos aumentou em mais de meio milhão. Esse contingente, maior do que o total de policiais militares em todo o território nacional, tem um arsenal invejável distribuído pelo País. Trata-se de um exército fiel a Bolsonaro.

Jefferson é um dos CACs. Apesar de cumprir prisão domiciliar, o político estava com dois fuzis de mira a laser e guardava farta munição. Não tinha direito a isso. Ele acumulava granadas, que são proibidas para civis. Fez tudo isso à revelia da Justiça e com a falta de fiscalização do Exército.

O plano era usar esse corpo paramilitar para dobrar a Justiça, intimidar os adversários e garantir a perpetuação no poder do presidente. Inclusive contestando o resultado das eleições, daí o argumento de que as urnas eletrônicas são adulteradas, um discurso espalhado desde 2019.

Bolsonaro não contava com a firmeza do TSE, com a reação da sociedade civil e com as trapalhadas dos aliados. Jefferson queimou a largada do golpe ao se sublevar solitariamente a uma semana do pleito, que parecia até se inclinar ao capitão na reta final. O ex-presidente do PTB, partido em dissolução, achou que teria o apoio do presidente e receberia tratamento igual a Daniel Silveira, o ex-deputado que foi afastado, perdeu os direitos políticos e ganhou um indulto presidencial como prêmio por insultar os ministros da Corte.

Quando Jefferson atacou a Polícia Federal, estampou o próprio bolsonarismo como um movimento armado que ataca o Estado e as forças de segurança. Mas não eram os apoiadores do presidente que usavam o verde e o amarelo e defendiam a lei e a ordem? Pois é.

Esse tiro no pé de um aliado de primeiro hora caiu como uma bomba no QG de campanha do presidente. O esforço na reta final tinha sido de expor a corrupção das gestões petistas e cravar em Lula a imagem de ex-presidiário e fora da lei. Jefferson fez Bolsonaro vestir involuntariamente essa carapuça. Assim, fica difícil dar golpe.

 

Fonte: IstoÉ

 

“O seu apoio mantém o jornalismo vivo. O jornalismo tem um papel fundamental em nossa sociedade. O papel de informar, de esclarecer, de contar a verdade e trazer luz para o que, muitas vezes, está no escuro.

Esse é o trabalho de um jornalista e a missão do Redação Nacional.

Precisamos de você e do seu apoio, pois juntos nós podemos, através de matérias iguais a essa que você acabou de ler, buscar as transformações que tanto queremos.”

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.