Ex-estudante que matou 6 em ataque nos EUA sofria de ‘distúrbio emocional’, diz polícia

BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – Investigadores federais e locais estão trabalhando para reunir pistas que possam indicar a motivação de um atentado a tiros que matou 6 pessoas na segunda-feira (27) em uma escola cristã de Nashville, capital do Tennessee, no sul dos Estados Unidos.

O ataque foi realizado por Audrey Elizabeth Hale, 28, que morreu após a ação da polícia. Agentes chegaram ao local cerca de 14 minutos após as primeiras denúncias do tiroteio, que culminou na morte de seis pessoas –entre elas, três crianças de 9 anos cada uma.

Até o momento, sabe-se que Hale, que atuava como designer, era ex-estudante do colégio The Covenant School, instituição que integra um ministério da Igreja Presbiteriana, de denominação conservadora.

Era uma pessoa transgênero, segundo o chefe da polícia de Nashville, John Drake. Apesar dessa possível identificação, o delegado e outros funcionários usaram repetidamente pronomes femininos nas declarações sobre o caso. Hale adotava os pronomes masculinos em uma página do LinkedIn que listava empregos na sua área profissional e em entregas de supermercado.

De acordo com investigadores, Hale "nutria algum ressentimento por ter que ir para aquela escola" quando criança. Outros detalhes não foram dados. Quando questionados se a identidade de gênero de Hale poderia ter sido um fator no ataque, os porta-vozes da polícia indicaram que todas as pistas estão sendo investigadas. Drake afirmou que Hale estava sob cuidados médicos devido a um "distúrbio emocional".

Entre evidências analisadas pelas autoridades e por agentes do FBI está um manifesto encontrado no local, cujo conteúdo indica que foram planejados tiroteios em vários locais. O delegado disse que a escola foi um dos espaços escolhidos para o ataque, mas que as vítimas foram alvejadas aleatoriamente. "Ela mirou em estudantes aleatórios. Atirou em qualquer um que encontrava", acrescentou.

Em entrevista à CNN, a ex-colega de escola Averianna Patton disse que Hale havia postado a seguinte mensagem em sua conta do Instagram na manhã do atentado: "Algum dia isso fará mais sentido. Deixei evidências mais do que suficientes. Mas algo ruim está para acontecer." Patton afirmou que ligou para as autoridades para alertá-los pouco antes do início do ataque.

Foi recolhido ainda um mapa detalhado da escola, desenhado à mão, com a indicação de vários pontos de entrada. Outros materiais também foram encontrados no carro usado por Hale.

Um vídeo da câmera de vigilância da escola, postado online pela polícia, mostra Hale entrando pela janela de uma porta lateral após atirar nos vidros. Segundo a polícia, foram usados "pelo menos dois fuzis de assalto e um revólver" no atentado. No total, sete armas teriam sido compradas legalmente antes do ataque, sem o conhecimento da família, em cinco lojas da região. As autoridades acrescentaram que Hale tinha vários cartuchos de munição e estava "preparada para um confronto".

Outra gravação divulgada nesta terça-feira (28), registro das câmeras corporais de dois agentes que estavam na escola, mostra a polícia vasculhando as salas de aula do primeiro andar antes de se dirigir para o segundo, onde estava Hale. Tiros são ouvidos, e o corpo de Hale cai ao chão, após aparentemente ser baleado. Um policial atira mais vezes, enquanto outro agente grita: "tire suas mãos da arma!"

"Este é o nosso pior dia em Nashville, mas poderia ter sido pior sem essa grande resposta", disse nesta terça o prefeito da cidade, John Cooper, em entrevista à CNN. Ele afirma que o ataque foi "claramente planejado", considerando o manifesto encontrado pelas autoridades.

Três crianças de 9 anos estão entre as vítimas do atentado: William Kinney, Evelyn Dieckhaus e Hallie Scruggs, esta última, filha de Chad Scruggs, pastor da Igreja Presbiteriana ligada à escola. Em entrevista à ABC News, ele disse que a família estava com o coração partido. "Através das lágrimas, confiamos que ela está nos braços de Jesus, que a ressuscitará mais uma vez", disse.Também foram mortos a diretora da escola, Katherine Koonce, 60, a professora substituta Cynthia Peak, 61, e o zelador Mike Hill, 61.

"Nossa comunidade está com o coração partido", afirmou o colégio The Covenant School em comunicado. Estamos sofrendo uma perda tremenda e estamos em choque ao sair do terror que destruiu nossa escola e igreja."

O ataque representa o 90º tiroteio escolar nos Estados Unidos este ano, de acordo com a contagem do site K-12 School Shooting Database, fundado pelo pesquisador David Riedman. No ano passado, foram reportados 303 incidentes do tipo, maior cifra presente no banco de dados, que remonta a 1970.

Nesta terça, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, ressaltou que o presidente Joe Biden já tomou várias ações relacionadas ao porte de armas no país por decretos executivos, mas diz que é necessário aprovar leis de regulação mais amplas no Parlamento. "Precisamos que os republicanos no Congresso mostrem alguma coragem", edisse em entrevista à MSNBC. "Chega, chega, chega."

Chuck Schumer, líder da maioria democrata do Senado, disse que está "trabalhando duro" para obter votos suficientes a fim de aprovar o banimento das armas de assalto.

O colégio The Covenant School foi fundado em 2001. Segundo o site da instituição, que atende da pré-escola à sexta série, cerca de 200 alunos estudam no local. O colégio havia realizado um programa de treinamento contra atiradores em 2022, segundo a rede de televisão local WTVF-TV.

Fonte: Notícias ao Minuto

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