Eleições 2022: Lídice elogia escolha de Jerônimo, mas condena o momento

Salvador, Eleições 2022: A deputada federal Lídice da Mata (PSB) elogiou a escolha do ex-secretário de Educação, Jerônimo Rodrigues (PT), para ser candidato a governador da Bahia, mas mostrou insatisfação como o momento da escolha do petista.
“A escolha de Jerônimo foi uma boa escolha. Eu posso até dizer que o momento é que podia ter sido outro, porque se fosse antes nós poderíamos estar com a campanha em um grau de organização maior. Mas enquanto candidatura, a candidatura de Jerônimo é uma candidatura muito boa. Jerônimo é um militante político de muitos anos. Não há nada que se possa dizer sobre sua biografia pessoal e política”, declarou a socialista, em entrevista à Tribuna.
Lídice ainda falou sobre a decisão do grupo governista de aceitar o MDB como aliado.  “Aliança se faz de acordo com a necessidade. A medida em que saiu uma força importante do governo, outra força que estava, do lado de lá, foi agregada. Então, obviamente, do ponto de vista pragmático, essa estratégia da aliança com o MDB resulta na adesão de uma força que tem história política, adesão no interior do estado”, avaliou.

Tribuna – Como a senhora avalia a situação atual da pandemia da Covid-19? Conseguimos vencer?
Lídice da Mata – Ainda não conseguimos vencer a pandemia. Eu acho que o Brasil conseguiu controlar em algum nível a pandemia nesse momento. E isso é muito positivo e não tenho dúvida de que a vacina foi a causadora mais importante desse impacto. O uso de máscara, as medidas preventivas e mais vacinas foram importantes.

Tribuna – O mês de março teve maior inflação em 28 anos. Causa preocupação?
Lídice da Mata – Claro que causa. A inflação é destruidora do salário dos mais pobres. Ela atinge os andares em cima também, mas a principal vítima são os mais pobres, que ganha pouco às vezes em salário fixo. Vem o seu poder de compra ser totalmente devorado pela inflação. 

Tribuna – Como foi para o PSB receber o ex-governador Geraldo Alckmin?
Lídice da Mata – Eu acho que foi muito importante o papel que Alckmin, nesse momento, está disposto a cumprir no Brasil. É muito importante para a democracia e para o nosso futuro. Se nós conseguirmos vencer derrotando essas forças do atraso, nós teremos alcançado o principal desafio para a retomada do desenvolvimento econômico do nosso país.

Tribuna – A senhora acredita que existe a possibilidade do fato de Alckmin e Lula terem algum atrito, considerando as antigas divergências entre ambos? Ou o diálogo tende a ser harmônico?

Lídice da Mata – Foram adversários e nenhum dos dois nega, mas estão construindo uma aliança com base em princípio e com base em programa. Isso é importante para o Brasil, que precisa de uma grande união daqueles que são patriotas, de fato, são democratas. De fato, para conseguir tirar o país desse momento que se encontra totalmente desacreditado, do ponto de vista internacional, com políticas econômicas que dolarizaram a economia brasileira. Ou seja, nós ganhamos em real e pagamos em dólar. Isso é destruidor de qualquer economia. E além de tudo temos desemprego alto, gás de gasolina elevado a níveis impagáveis para a população, para quem consome, para se alimentar, a inflação sobre a cesta básica. Tudo isso são medidas que são extremamente nocivas à vida dos mais pobres, que já não têm mais como sobreviver. Então, é preciso sair desse ciclo, e esse ciclo não será superado sem a derrota de Bolsonaro. 

Tribuna – A senhora acha que essas propostas de subsidiar o preço do combustível e até do gás vão para frente?
Lídice da Mata – Ora, essa política de subsídio ela tem que ser discutida de forma muito profunda. Não basta você subsidiar alguns segmentos. Nós estamos tendo, por exemplo, uma crise no setor de transporte coletivo no Brasil inteiro. A sustentabilidade do setor. Então, nós vamos apenas subsidiar caminhão e apenas subsidiar alguns seguimentos como a gasolina de avião? Todos são importantes e necessários. Mas e o transporte do povo? Como é que fica? É preciso discutir um subsídio que gere sustentabilidade econômica, que gera sustentabilidade também do ponto de vista de que outras medidas possam ser tomadas para um crescimento geral da economia. Não apenas baixar o preço do combustível. Mas também investir mais em áreas centrais que geram renda para população. 

Tribuna – Qual a sua opinião e a opinião do PSB sobre a escolha do Jerônimo Rodrigues como candidato do PT ao governo do estado?
Lídice da Mata – A escolha de Jerônimo foi uma boa escolha. Eu posso até dizer que o momento é que podia ter sido outro, porque se fosse antes nós poderíamos estar com a campanha em um grau de organização maior. Mas enquanto candidatura, a candidatura de Jerônimo é uma candidatura muito boa. Jerônimo é um militante político de muitos anos. Não há nada que se possa dizer sobre sua biografia pessoal e política. É um homem que é do povo, de extratos simples da população, que cresce pela educação, que cresce pelo compromisso com as áreas sensíveis da sociedade, como é o caso dos trabalhadores rurais em particular da agricultura familiar. Foi secretário de Desenvolvimento Regional, com uma política de apoio à agricultura familiar importantíssima no estado que tem a maior população de agricultura familiar do país. Tem sensibilidade para os temas da agricultura e tem uma visão global sobre as necessidades do estado, porque durante dois períodos em 2014 e 2018 ele coordenou o debate e a construção do programa do atual governador. Conhece as metas a serem alcançadas pela Bahia. Tem muita ligação com os movimentos populares. E é um professor universitário, um homem dedicado à educação e que eu acho que vai poder desenvolver e colocar a educação no patamar na Bahia. O investimento que está fazendo agora até então na sua pasta foi o segundo maior do Brasil na construção de novos colégios, de colégios que preparem a rede para assumir uma proposta de educação em tempo integral no ensino médio. Manteve durante a pandemia investimento em assistência e inclusão dos estudantes para garantir-lhes a sobrevivência na dificuldade, no enfrentamento de suas famílias à pandemia. É um homem totalmente dedicado à educação. É um professor, vai ser a primeira vez, aliás, não é a primeira porque o professor Roberto Santos era obviamente um professor universitário e um pesquisador. Será a segunda vez que a Bahia terá condição de ter um professor universitário. Desta feita de uma universidade do estado da Bahia. 

Tribuna – A aliança de Jerônimo com o Geraldo Júnior e com o MDB foi estrategicamente acertada na sua avaliação?
Lídice da Mata – Ora, aliança se faz de acordo com a necessidade. À medida que saiu uma força importante do governo, outra força que estava do lado de lá foi agregada. Então, obviamente do ponto de vista pragmático essa estratégia da aliança com o MDB resulta na adesão de uma força que tem história política, adesão no interior do estado, e o faz com o quadro que tem protagonismo político na capital, que é a base principal do atual candidato. Do ponto de vista de estratégia eleitoral, não há o que se discutir. Pode se discutir em outro grau, se há uma adesão real etc.

Tribuna – A senhora acha que essa adesão do MDB vai conseguir equilibrar a balança com a saída do PP da base?
Lídice da Mata – Olha, não sei se é uma questão de equilibrar. É uma questão de que, do ponto de vista político eleitoral, saiu uma força, entrou outra. Isso já tinha acontecido antes. Quando o MDB saiu, entrou o PP. Na época, o PP não tinha o mesmo tamanho do MDB, que estava no governo federal, que estava no governo estadual e por isso era mais forte. Agora, o PP tem mais força porque estava no governo federal e no governo estadual. Então, a política não é uma substituição matemática. É uma substituição simbólica, de valor político. Não é dois mais dois são quatro apenas.

Tribuna – Em relação à vice, a senhora foi sondada em algum momento para ser vice de Jerônimo?
Lídice da Mata – Saiu muito na imprensa baiana e eu agradeço. Apareceu entre a militância de esquerda, mas em nenhum momento foi discutida a vice para o PSB. 

Tribuna – O PSB desistiu da federação com outros partidos. Por que houve essa desistência?
Lídice da Mata – Essa é uma questão que está muito voltada para o posicionamento da direção nacional. A bancada dos deputados federais foi e é a favor majoritariamente da federação, mas a direção nacional entende que é uma posição que amarra muito a decisão para 2024. Por isso, rejeitou. Vamos ver o que vai dar.

 

 

Fonte: Tribuna da Bahia – Guilherme Reis, Rodrigo Daniel Silva e Paulo Roberto Sampaio.

 

 

 

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