Nestes tempos em que milhões de famílias convivem com incertezas sobre como estarão vivendo nos próximos meses e outras centenas de milhares lamentam a perda de um ou mais de seus integrantes para a covid-19, seria bom que o ministro da Economia, Paulo Guedes, estivesse certo ao afirmar que “a economia está de novo decolando”.
Segundo Guedes, a economia está se recuperando na mesma velocidade com que caiu nos meses iniciais da pandemia. Se fosse assim, haveria pelos menos esperanças de que, em breve, boa parte das difíceis condições em que vive a população estaria superada. As estatísticas, no entanto, sugerem prudência, quando não alimentam pessimismo.

As mais recentes, sobre o comércio varejista, sinalizam que o crescimento observado no segundo semestre do ano passado está se enfraquecendo. Arrefecimento do ímpeto de consumo, perda de fôlego da demanda são expressões utilizadas por analistas do mercado financeiro para explicar a queda de 0,2% do volume de vendas do comércio varejista nacional, na comparação com dezembro. A redução é mostrada pela Pesquisa Mensal do Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Janeiro é, normalmente, um mês de retração nas vendas, que costumam se concentrar nos últimos meses do ano, e no qual o orçamento das famílias é mais pressionado por despesas típicas do período, como tributos e material escolar. Mas as vendas de janeiro deste ano estão abaixo também das de janeiro de 2020. São menores que as de fevereiro do ano passado, isto é, antes da pandemia.
Quando se considera o varejo ampliado, que computa também as vendas de veículos, motos, autopeças e material de construção, os resultados são ainda mais fracos. A queda em relação a dezembro foi de 2,1% e, no acumulado de 12 meses, de 2,9%.
Não são animadoras as projeções para os próximos meses, pois os fatores identificados como determinantes para o desempenho em janeiro permanecem. O recrudescimento da pandemia, que elevou dramaticamente a média diária de mortes pela covid-19 e exigiu medidas ainda mais duras de restrição à circulação, é um deles. Outro é a persistência de altas taxas de desemprego. E um terceiro, a suspensão do pagamento do auxílio emergencial, que ainda não tem data para ser solucionado.
Fonte: Opinião / Estadão / Redação – Foto Capa: Tarso Sarraf / Estadão Conteúdo
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